Olhava ao caminho procurando traços familiares do que já tinha visto quando por ali passei em sentido inverso, ainda que não lograsse apontar nenhuma semelhança em particular: era tudo mato em redor, o que para mim não revestia grande interesse. Embora gostasse deste contacto próximo com a natureza, guardava para os edifícios e as cores da cidade o meu maior ânimo e entusiasmo. Como se Gaia me quisesse castigar por estes pensamentos, deixei de ouvir o barulho do motor e a viatura perdeu vida, acabando por desfalecer ao cimo de uma pequena subida.
Encostei e procurei no painel qualquer luzinha acesa, indicativa do que havia de errado com o carro. Nada, tudo normal, até o rádio ligava, apesar de não captar nada há alguns quilómetros. O visor do telemóvel estava nu daquele logótipo de rede e também não permitia chamadas de emergência. Não que quisesse perturbar as autoridades com um carro avariado a uns 20 quilómetros de um povoamento. Claro, porque alguém haveria de precisar mais do que eu, ainda assim, teria sido reconfortante contar com essa opção.
Andava há cerca de meia hora, quarenta e cinco minutos, quando me assalta a ideia de que não fazia ideia de quanto já tinha percorrido, nem sequer já tinha a certeza de quanto seria um quilómetro em linguagem de pedestre. Era tudo mato, recapitulei, no entanto, agora fazia muito mais sentido. O lusco-fusco não duraria muito mais, em breve escureceria definitivamente e eu rodeado de árvores esguias e arbustos sem fim.
Um pé à frente do outro, já sentindo o vento frio no corpo suado, dizia para mim. “Vale de Gaios” estará a uma curva de distância, gritava para dentro, mas a próxima curva estava ainda a uns bons metros. Caminhava agora pela berma, não fosse um automóvel aparecer de súbito e dar-me uma pancada que me tornasse parte do alcatroado, por muito pateta que possa agora parecer. Adiante, reparei numa falha notável no arvoredo, havia um trilho saindo da estrada. “Villa Flores” escrevia, em letras de metal pintadas de amarelo, no pequeno muro, escondido entre as folhas – Não admira que não tivesse notado antes, murmurei.
Encostei e procurei no painel qualquer luzinha acesa, indicativa do que havia de errado com o carro. Nada, tudo normal, até o rádio ligava, apesar de não captar nada há alguns quilómetros. O visor do telemóvel estava nu daquele logótipo de rede e também não permitia chamadas de emergência. Não que quisesse perturbar as autoridades com um carro avariado a uns 20 quilómetros de um povoamento. Claro, porque alguém haveria de precisar mais do que eu, ainda assim, teria sido reconfortante contar com essa opção.
Andava há cerca de meia hora, quarenta e cinco minutos, quando me assalta a ideia de que não fazia ideia de quanto já tinha percorrido, nem sequer já tinha a certeza de quanto seria um quilómetro em linguagem de pedestre. Era tudo mato, recapitulei, no entanto, agora fazia muito mais sentido. O lusco-fusco não duraria muito mais, em breve escureceria definitivamente e eu rodeado de árvores esguias e arbustos sem fim.
Um pé à frente do outro, já sentindo o vento frio no corpo suado, dizia para mim. “Vale de Gaios” estará a uma curva de distância, gritava para dentro, mas a próxima curva estava ainda a uns bons metros. Caminhava agora pela berma, não fosse um automóvel aparecer de súbito e dar-me uma pancada que me tornasse parte do alcatroado, por muito pateta que possa agora parecer. Adiante, reparei numa falha notável no arvoredo, havia um trilho saindo da estrada. “Villa Flores” escrevia, em letras de metal pintadas de amarelo, no pequeno muro, escondido entre as folhas – Não admira que não tivesse notado antes, murmurei.
Sem comentários:
Enviar um comentário