sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Chuva de Outono

Sem defesas, louco, extasiado e romântico como Liszt, perdido na hipnótica miragem de seda que são os teus cabelos, na sensualidade venusiana capaz de encantar as pedras. Num corredor de acácias a canção do crepúsculo revela a tua face, deixa-me tocá-la...

No limiar do obséquio aguardo enquanto te perdeste nas redundâncias da tua feminidade, mas deixei-te escapar para o verde de olhos alheios... ou seriam azuis?

Leva-me de novo ao reino de Xá onde provei a doçura que vivia nos teus lábios e onde nunca te disse adeus sem te trazer para casa.

Louco, eu?! É o que me resta depois de te ver partir na noite gélida, entre lembranças e desencontros, até à triste verdade em que me obrigas a acreditar... e que não procurei desmentir mais uma vez.

Cai hoje a chuva de Outono que nunca nos viu ou deixou escorrer essa aquosa solução nas nossas janelas diferentes, contudo lembra-te, assim como quem já esqueceu, que algures entre as gotas poderei estar eu.