terça-feira, 30 de junho de 2009

Histórias de Fantasmas - Parte I

Há muito tempo, viajava para norte já tardiamente, por uma estrada secundária bem no interior. As árvores inclinavam-se para o alcatrão, agrupando-se numa espécie de túnel que escondia o horizonte do caminho. Os raios do sol das 5 ganham uma tonalidade esverdeada, mesmo que aparecendo inconstantes, ao cruzar o tecto folheado pelos primeiros dias de Setembro. A nostalgia que o cenário invoca convida ao saudosismo e ao ócio. Quase paro para observar os grãos de poeira pairando no verde acastanhado da vegetação ao fim de mais uma curva. Quem me dera olhá-los.

A jornada continua e o passeio bucólico desemboca abruptamente num vilarejo. Os últimos metros de alcatrão levam-me ao largo da aldeia, onde o típico cruzeiro se ergue imponente. Algumas casas de pedra relevam à vista, enquanto procurava por alguém que me reencaminhasse para a estrada nacional. Estaquei subitamente defronte de um velhote que se me assomou ao caminho. – Não o vi, desculpe lá! Não se assustou, não? – Nem franziu, enquanto se desviou do carro, assobiando enquanto me ignorava completamente. – Desculpe incomodar, mas pode dizer-me como chegar à nacional? É que vim da serra dar aqui e não estou a ver nenhum lanço de estrada. – E não vai ver tão depressa. - Retorquiu o homem. – A estrada é para ali. – Apontando para uma rua que se esgueirava para baixo. - Mas já não há. O fogo destruiu tudo o ano passado. Tinha que voltar atrás, pensei. Agradeci e estacionei para consultar o mapa.


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