domingo, 31 de maio de 2009

Mors

E se eu for o assassino de que todos falam? Escondendo-se na noite, encrustado num canto escuro à espera. O negro capuz, que esconde uma persona fraca e apática, mostra a besta em toda a sua glória. Sem face, sem emoção e sem perdão possível ou desejável, vejo a sombra crescer.

A concentração foge para junto de Tânatos e deprime-se me o espírito à insignificancia da destruição que provoco. Já nada vale a pena, tudo é relativo e o fim permanece imutável. Tudo acaba, nada fica, resistindo efemeramente até ao derradeiro colapso.

A consciência comprime-se e Eros silencia-se. O tempo pára e ele já não envelhece. A sua essência, guardo-a agora comigo, ainda que não a queira. Deprime-me a superficialidade da vida. Ele era culto, bondoso e estudioso. Não, não era. Era dispensável.

Eu não sou o escuro em que habito, não sou o pulsar de ferro que te corta a respiração, nem tão pouco o medo que sentes no meu bafejar. Vê-me no que desapareceu, sente-me na saudade, ouve-me no eco do vazio e conhece-me antes de me manifestar, porque mesmo que não seja, existo. Para te levar.

8 comentários:

Kikas disse...

Andas cá com umas escritas...!

Dexter disse...

Pronto, é agora...

Luís disse...

Será?

Dexter disse...

Espero é que n sobre p mim :p

Luís disse...

Miguel: Tu vais ser o meu advogado porque já te confessei o crime (e em detalhes sórdidos que até sugeriste lol).

Kikas: Não comentam os posts alegres, obrigando-me ao sensasionalismo. Sou uma vitíma das audiências, não tenho culpa que Deus me tenha dado uma cara bonita... e já está.

Kikas disse...

Va, aqui até é raro ver posts verdadeiramente alegres!!!Ou então alguns são, só eu é que não sou verdadeiramente perspicaz para entender isso, assumo. Mas por exemplo, estiveste 2 semanas no Alpendre! :P Sempre que aqui vinha, estavas no Alpendre...De facto, não se deve ficar muito feliz quando se está fechado tanto tempo! :P
E então, vai tudo bem ctg? ;)
Bjos

Luís disse...

O alpendre até costuma ser um espaço bem arejado (pelo menos este era) lol. Sim, aqui não há nada de verdadeiramente alegre (no sentido em que escreve o Miguel, por ex.), mas tu já me conheceste, não sou assim. Se reparares bem, a maior parte do que escrevo são reflexões. Talvez tenham um tom sombrio, mas às vezes assim o é deliberadamente. Aqui, logo na 1ª frase, faço uma referência directa ao que eles (zica, miguel, pedro) me chamam (por brincadeira). No fundo, a minha ideia da Morte divide-se entre dizer que é uma coisa que não é e um instinto natural. Para exemplificar isso recorri a Freud e ao que ele chama de Pulsão de Morte. Tânatos foi o nome utilizado por ele, assim como, Eros, mas ambos são personificações da morte e da vida (lato sensu) na mitologia grega. Freud dizia que quando o Eros falha recorremos ao Tânatos, o nosso instinto destruidor. Eu escrevi por cada parágrafo a racionalização dessa mudança (o que encerra em si a falácia que nos traz a eu dizer que a morte é um não ser, porque um instinto não pode ser racionalizado para o ser cabalmente), no primeiro, a pessoa toma conhecimento do tânatos, aqui descrito como um lado sombrio (não confundir com a noção de "sombra" de Carl Jung), no segundo, compreende-o, no terceiro, aceita-o e reconhece a mudança em si e no quarto, desenvolve-o. E concluo a dizer justamente, que a morte não é aquilo que se vê nos filmes de terror, não é mitologia (tânatos tinha um coração de ferro) e não é uma coisa medonha. É a negação da existência e não um elemento natural neste sentido, porque lá está, "nada desaparece, tudo se transforma". Acho só mais divertido e acessível escrever aquilo do que isto, que é um pouco enfadonho. E cada um pode dar a sua opinião. O mais complicado é mesmo dizer se estou bem lol.Diz qualquer coisa que também quero notícias tuas. Bj

Dexter disse...

Luis, uffffffffff pois é!

Fica descansado que daqui n sai nada. E a vítima que se cuide!